quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

EQUIPAS DO PASSADO - SÉCULO XXI

ÉPOCA 2001/02

Terminado o ciclo Fernando Santos, a Comunicação Social foi lançando as hipóteses mais mirabolantes para a sua sucessão. Pinto da Costa, a 13 de Junho de 2001 decidiu pôr fim às especulações e em conferência de imprensa anunciou a nova equipa técnica, composta por Octávio Machado (treinador), Rui Oliveira (metodólogo), André e Aloísio (adjuntos) e Silvino (treinador dos guarda-redes).

Antigo atleta do FC Porto e treinador adjunto das equipas técnicas lideradas por Artur Jorge, Ivic e Carlos Alberto Silva, Octávio Machado iniciou-se como treinador principal no Salgueiros, na temporada de 1983/84, tendo sido substituído a meio da época. Voltaria a ser o responsável principal, no Sporting de 1995/96, nas últimas 6 jornadas e na temporada seguinte, a partir da 12ª jornada. Na terceira época acabou dispensado ao cabo de oito jornadas. O seu currículo como treinador não era nada aliciante, mas o Presidente portista acreditava nas suas qualidades, reconhecendo-o como um homem de trabalho, incansável, lutador e determinado.

O grande objectivo traçado era a conquista do campeonato nacional que fugia há duas épocas consecutivas.

Como sempre acontece, o defeso trouxe novidades quanto à formação do plantel. Caras novas começaram a surgir, nas Antas: Mário Silva (ex-Nantes), Costinha (ex-Mónaco), Fredrik (ex-V.Guimarães), os regressos depois de empréstimos de Ricardo Carvalho (ex-Alverca) e Ricardo Sousa (ex-Beira-Mar), entre outras.

Na falta da habitual foto de conjunto do plantel, apresento de seguida a composição individual, por ordem alfabética:















O estágio de pré-época decorreu em França com 32 atletas, mas com a ideia clara de que alguns teriam de ser dispensados, pois o número final ideal apontava para 25. Defrontou nesse período o Racing de Paris (vitória por 7-0), o Auxerre (derrota por 1-0) e o Celtic (vitória por 1-0).





















Equipa que começou o jogo de preparação contra o Racing de Paris. Da esquerda para a direita, em cima: Costinha, Capucho, Jorge Costa, Jorge Andrade, Pena e Ovchinnikov; Em baixo: Deco, Mário Silva, Fredrik, Paredes e Secretário.

A época oficial começou com a disputa da  2ª pré-eliminatória para a Liga dos Campeões europeus, frente à modesta equipa do País de Gales, o Barry Town, que os Dragões começaram a resolver, no Estádio das Antas, com uma goleada das antigas (8-0), com Pena (4 Golos) e Deco (3 golos) a darem nas vistas. Fredrik foi o autor do outro golo.

Na 2º mão, em Barry, Octávio Machado fez alinhar um onze maioritariamente constituído por segundas linhas e apesar de ter sido o FC Porto a marcar primeiro, a persistência e o espírito aguerrido dos galeses, contrastando com o menor rendimento portista, não conseguiu evitar a derrota por 3-1.No bornal estava porém a qualificação para a 3ª pré-eliminatória.

O sorteio ditou a equipa suíça do Grasshoppers, que visitou as Antas, na 1ª mão e cometeu uma grande surpresa, empatando a duas bolas, colocando a equipa suíça bem posicionada para seguir em frente, porém, na 2ª mão, em Zurique, o FC Porto puxou pelos galões e arrancou uma vitória por 3-2, numa exibição determinada e com golos fantásticos de Clayton, Capucho e Deco. Estava assim garantida a presença dos Dragões na fase de grupos da Liga dos Campeões.

O Campeonato nacional não começou bem para o FC Porto. Derrota em Alvalade (1-0), a que se seguiram 3 vitórias consecutivas para depois voltar a perder pontos em Lisboa, com um empate na Luz (0-0). Mas a grande surpresa aconteceria à 7ª jornada, com derrota portista em Aveiro (2-0). Octávio começava a criar anti corpos no seio do grupo, especialmente com Jorge Costa, que obrigaria o defesa central portista a mudar de ares, na janela de transferências de Inverno.

Os meses de Dezembro e Janeiro foram fatídicos quer para o Clube quer para o treinador. A derrota em Ponta Delgada contra o Sta. Clara e depois, em dois jogos seguidos (Braga, nas Antas, para a Taça de Portugal e Boavista, no Bessa, para o campeonato), precipitaram os acontecimentos. Eliminado da Taça e em 5º lugar no campeonato, Pinto da Costa actuou. Dispensou os serviços de Octávio Machado e contratou José Mourinho.



















Na foto, da esquerda para a direita: Baltemar Brito (adjunto), Silvino (treinador de guarda-redes), José Mourinho (treinador principal) e Aloísio (adjunto).

Com a nova equipa técnica o futebol portista foi ganhando consistência e apesar de alguns percalços a equipa conseguiu recuperar posições, terminando a prova no 3º lugar, com 34 jogos, 21 vitórias, 5 empates, 8 derrotas (!), 66 golos marcados, 34 sofridos, somando 68 pontos, menos 7 que o Sporting (1º) e menos 2 que o Boavista (2º).

O percurso na Taça de Portugal foi abrupta e prematuramente interrompido, como já ficou acima referido, no Estádio das Antas, frente ao Braga, em jogo dos quartos-de final. Derrota por 1-2, num jogo em que o FC Porto até marcou primeiro. Depois desuniu-se, deixou-se arrastar para uma intranquilidade crescente, para algum descontrole psicológico, perdendo organização e em consequência, o jogo e a possibilidade de continuar na prova. Entretanto pelo caminho tinham ficado o Estrela da Amadora, o Santa Clara e o Académico de Viseu.


A Supertaça Cândido de Oliveira começou a ser disputada em apenas 1 jogo, em campo neutro, e a abrir a época futebolística nacional.

Frente a frente, o campeão nacional Boavista e o vencedor da Taça de Portugal, FC Porto. O palco escolhido foi o Estádio dos Arcos em Vila do Conde.

Os Dragões encararam o jogo com toda a seriedade e ambição, conseguindo uma exibição bem positiva, num jogo que terminou com uma vitória justa, a premiar a melhor equipa em campo e a que ao longo da partida mais perigo e oportunidades de golo criou. Foi o 12º triunfo na prova.


























Depois de garantida a presença na 1ª fase de grupos da Liga dos Campeões, logo no início da temporada, o sorteio arrumou o FC Porto no grupo E, com a companhia de Rosenborg, Celtic e Juventus. Grupo que abria algumas boas expectativas, tendo em conta que se qualificavam os dois primeiros.

A luta foi intensa com o FC Porto a fazer uma campanha pela positiva, conseguindo 3 vitórias, 1 empate e 2 derrotas.

O primeiro embate aconteceu na Noruega, frente ao Rosenborg, onde os Dragões produziram uma boa exibição, coroada com uma vitória, por 1-2, com golos de Pena e Deco.

Na semana seguinte a visita a Glasgow não foi tão feliz. O FC Porto foi a melhor equipa sob o relvado do Celtic Park, mas os escoceses, largamente dominados, foram mais eficazes e marcaram um golo que no final lhes garantiu a vitória (1-0).

Na 3ª jornada os azuis e brancos receberam a poderosa equipa da Juventus, nas Antas e apesar de ter produzido um trabalho de qualidade, suficiente para justificar a vitória, não conseguiram marcar e o empate sem golos foi o resultado final.

Seguiu-se a recepção ao Celtic e mais uma vez a equipa portista patenteou uma superioridade insofismável, conseguindo aliar uma exibição memorável a um resultado condizente. Clayton, por duas vezes e Mário Silva, coloriram o resultado com três golos muito festejados.

Na deslocação à Itália, os azuis e brancos entraram desinibidos e durante a primeira meia hora poderiam ter arrumado a questão, tal as oportunidades criadas. Fez apenas 1 golo, por Clayton, aos 12 minutos, mas depois desse bom período a equipa abanou com dois golos de bola parada e não mais se encontrou. Os italianos ainda marcariam o 3º golo, impondo a segunda derrota na prova. Ainda assim, o FC Porto ficava a depender de si próprio para assegurar o 2º lugar.

O último encontro desta 1ª fase foi jogado nas Antas frente ao Rosenborg. Num jogo em que era imperioso vencer, os Dragões assumiram o seu comando desde o primeiro apito do árbitro e partiram para um autêntico massacre. Pena abriu o activo aos 37 minutos e tudo indicava que o marcador ia dilatar, tal o caudal ofensivo patenteado, mas a exibição incrível do guarda-redes dos noruegueses impediu que tal acontecesse, não por uma, não por duas, não por três ocasiões. Capucho, Deco, Clayton e Pena, ainda hoje não entenderam como foi possível os seus remates não terem entrado. Vitória mais que justa bem como a passagem para a 2ª fase de grupos.

Panathinaikos, Sparta de Praga e Real Madrid foram os clubes que o sorteio ditou, como parceiros do grupo C.

O primeiro confronto foi com os gregos do Panathinaikos, em Atenas. Empate sem golos num jogo fraco em que a divisão de pontos acabou por se justificar.

Seguiu-se, nas Antas, a recepção ao Sparta de Praga, da Rep. Checa. Os Dragões foram sempre superiores, dominaram, criaram várias oportunidades de golo, mas não conseguiram marcar e ainda por cima se deixaram surpreender por uma jogada aparentemente simples que chegou a parecer controlada, mas que terminou com a bola no funda da baliza portista. Derrota injusta e surpreendente.

Foi já sob a orientação técnica de José Mourinho que o FC Porto se deslocou ao Santiago Barnabéu para defrontar o Real Madrid.

Uma arbitragem descaradamente caseira esteve na base da derrota portista por 1-0, num jogo em que o FC Porto chegou a encostar o Real às cordas, provocando perigo suficiente para fazer tremer os madrilenos.





















Equipa titular que actuou no Santiago Barnabéu. Da esquerda para a direita, em cima: Paredes, Capucho, Costinha, Jorge Andrade, Ricardo Silva e Vítor Baía; Em baixo: Fredrik S., Deco, Secretário, Hélder Postiga e Mário Silva.

Na semana seguinte, contra o mesmo adversário, nas Antas, dois erros perfeitamente evitáveis colocaram os merengues na posição confortável de vencedores, em apenas 20 minutos. A equipa portista reagiu, produziu bom futebol, dominou o Real, reduziu por Capucho, aos 27 minutos, mas não foi capaz de marcar mais golos.

A vitória frente ao Panathinaikos, nas Antas, alimentou de algum modo a esperança na possibilidade de continuar na prova. Deco abriu o activo bem cedo (11') e Pena ampliou (53'), para os gregos reduzirem (65'), fixando o resultado final (2-1).

E Praga o sonho desfez-se. Os azuis e brancos fizeram uma primeira parte interessante, dando a entender ser possível ultrapassar com êxito as dificuldades colocadas pelos checos. Mas na segunda parte tudo se alterou. A equipa da casa soube aproveitar as oportunidades e marcou por duas vezes, acabando com a carreira portista na prova.







































(Clicar no quadro para ampliar)

Nos 55 jogos oficiais, relativos às 4 provas em que o FC Porto esteve envolvido, foram utilizados 34 atletas, aqui referenciados por ordem decrescente dessa utilização: Jorge Andrade (52 jogos), Capucho (49), Deco (48), Paredes (46), Clayton (44), Pena (43), Costinha (42), Hélder Postiga (41), Fredrik S. (40), Mário Silva (39), Ricardo Carvalho (37), Ibarra (35), Alenitchev (29), Rubens Júnior (25), Secretário (23), Vítor Baía (22), Cândido Costa (21), Ovchinnikov (18), Paulo Costa (16), Ricardo Silva (15), Paulo Santos (14), Jorge Costa (13), Benni McCarthy (12), Rafael (11), Pavlin (10), Ricardo Costa e Esnaider (6), Paulinho Santos (3), Joca (2), Pedro Espinha, Quintana, Pedro Nuno, Kaviedes e Alessandro (1).

Fontes: Revista Dragões e Almanaque do FC Porto, de Rui Miguel Tovar.  

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