quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

EQUIPAS DO PASSADO - DÉCADA DE 90

ÉPOCA 1999/2000

Fernando Santos, «o engenheiro do Penta», cumprira o sonho mas sentiu terem crescido as responsabilidades. Com a nova época bem delineada na sua cabeça, o treinador portista queria que a equipa começasse o campeonato a jogar da mesma forma como terminou. Pretendia uma equipa determinada, agressiva, pressionante e sempre capaz de correr mais e melhor que os adversários.

O plantel sofreu alguns ajustes, sendo as notas mais dominantes a saída de Zahovic e o regresso de Domingos.




















A época abriu com a disputa da Supertaça Cândido de Oliveira, disputada em duas mãos, opondo o Campeão nacional (FC Porto) ao vencedor da Taça de Portugal (Beira-Mar).

O primeiro jogo, em Aveiro, foi muito sofrido e suado. Os aveirenses começaram por estar a vencer, mas dois minutos depois Domingos empatava, para logo a seguir Esquerdinha estabelecer o resultado final, resultado construído entre os 65 e os 69 minutos.

No Estádio das Antas, os Dragões partiam em vantagem e acabou por confirmar o favoritismo, num jogo em que a superidade portista nunca foi posta em causa. Jardel inaugurou o marcador, logo aos 5 minutos. O Beira-Mar ainda conseguiu chegar ao empate, contudo não conseguiu resistir à maior classe do campeão. Jardel voltou a marcar aos 82 minutos e dois minutos depois um auto-golo de Lobão selou o resultado final.

11ª Supertaça Cândido de Oliveira para o museu das Antas.



















Numa época altamente desgastante, não foi fácil a gestão dos objectivos a que a equipa do FC Porto se propunha alcançar.

O Campeonato nacional haveria de ser percorrido com altos e baixos, com alegrias e tristezas, mas sempre com a chama e a ambição de continuar a fazer história. A equipa bem tentou dar essa felicidade aos seus adeptos, mas por vicissitudes várias o título acabaria por fugir nas últimas jornadas. O FC Porto quedou-se pelo 2º lugar com o registo de 34 jogos, 22 vitórias, 7 empates, 5 derrotas, 66 golos marcados (melhor ataque do campeonato), 26 golos sofridos e 73 pontos, menos 4 que o Sporting.

Jardel foi, pela 4 vez consecutiva, o melhor marcador do campeonato, com o registo de 37 golos marcados.

Na Liga dos Campeões Europeus, disputada em moldes diferentes, duas fases de grupos, a primeira  constituída por 8 grupos, saindo para a segunda fase os dois primeiros classificados de cada grupo e a segunda constituída por 4 grupos, qualificando os dois primeiros para os quartos-de-final da prova.

O FC Porto, representante português na prova, começou por ser integrado no grupo E, na companhia de Molde, Olympiakos e Real Madrid.

Começou bem, com duas vitórias consecutivas, a 1ª em Molde, na Noruega, por 0-1, com golo de Deco e a segunda, nas Antas, frente ao Olympiakos, por 2-0, golos de Esquerdinha e Jardel.

























Equipa titular, frente ao Olympiakos FC. Da esquerda para a direita, em cima: Jardel, Peixe, Argel, Vítor Baía, Capucho e Jorge Costa; Em baixo: Chainho, Drulovic, Deco, Esquerdinha e Secretário.

Seguiram-se os dois confrontos com o Real Madrid. Os Dragões foram derrotados no Santiago Barnabéu, por 3-1, mas nas Antas impuseram a primeira derrota na prova, aos madridistas. 2-1 foi o resultado final, com os golos portistas a serem apontados por Jardel e o do Real Madrid, por Peixe, na própria baliza.

Depois seguiu-se o Molde, nas Antas. Vitória portista clara, por 3-1, com  2 golos de Deco e 1 de Jardel. Com o FC Porto já qualificado para a fase seguinte, os Dragões foram a Atenas com uma equipa constituídas por atletas menos utilizados e  acabou por perder, por 1-0.

Na segunda fase de grupos, o FC Porto teve a companhia de Sparta de Praga, Hertha de Berlim e Barcelona, no Grupo A.

Os azuis e brancos não deixaram os seus créditos por mãos alheias. Nos 6 jogos, consentiu 2 derrotas, frente ao Barcelona e 1 empate com o Sparta de Praga, nas Antas, terminando na 2ª posição do grupo, com confortável vantagem para o 3º.

Mais uma vez duas vitórias consecutivas. Primeira em Praga, frente ao Sparta, 0-2, com golos de Drulovic e Jardel e a segunda nas Antas, frente ao Hertha de Berlim, por 1-0, golo de Drulovic.

Os confrontos frente ao Barcelona, apesar de uma boa réplica,os Dragões não foram felizes e acabaram derrotados nos dois jogos (4-2) no Camp Nou e 0-2, nas Antas).

Seguiu-se o tal empate, nas Antas, frente ao Sparta de Praga (2-2), num jogo em que os portistas estiveram a vencer por 2-0, golos de Jardel e Capucho, acabando por consentir a igualdade nos últimos minutos da partida.

A fase de grupos fechou com a visita do FC Porto a Berlim, onde triunfou por 0-1, golo de Clayton.

























Equipa titular em Berlim. Da esquerda para a direita, em cima: Jardel, Vítor Baía, Jorge Costa, Capucho, Chainho e Aloísio; Em baixo: Deco, Paulinho Santos, Secretário, Drulovic e Esquerdinha.




























Apurado para os quartos-de-final da Liga dos Campeões, coube ao FC Porto bater-se com o colosso Bayern de Munique.

Eliminatória muito equilibrada que ficou marcada pelo habilidoso árbitro escocês Hugh Dallas, que «ofereceu» a passagem às meias-finais aos alemães.

No jogo da 1ª mão, disputado no Estádio das Antas, o FC Porto libertou-se de hipotéticos receios, explorou o seu futebol e conseguiu uma das melhores exibições da época.

Os alemães nunca foram capazes de se imporem e em longos momentos da partida foram meros espectadores do espectáculo proporcionado pelos jogadores portistas.

Depois de desperdiçarem algumas boas oportunidades para marcar, o s Dragões chegaram à vantagem com um golo nascido de uma jogada muito bem construída. A bola circulou de Esquerdinha para Chainho, este endossou a Drulovic, que cruzou milimetricamente para a cabeça de Jardel, que com a sua performance habitual a colocou no fundo das malhas.

Quando tudo apontava para um segundo golo azul e branco, aos 79 minutos o Bayern empatou. Falta a meio campo favorável aos alemães, desconcentração momentânea do bloco portista, Effenberg aproveitou bem esse momento, marcando rapidamente, a bola chegou ao avançado Paulo Sérgio, que sem oposição atirou a contar, lançando um balde de água gelada nas hostes portistas. Empate imerecido e injusto face à exibição de gala do FC Porto.

Em Munique, no jogo da 2ª mão, a figura do jogo foi o árbitro escocês Hugh Dallas. O homem do apito parecia apostado em tudo fazer para favorecer o trabalho da equipa alemã. O árbitro não assinalou duas grandes penalidades, teve sempre um duplo critério na amostragem dos cartões e ainda inventou a falta de que resultou o segundo golo da vitória do Bayern. Com uma arbitragem deste calibre de nada serviu a excelente exibição portista. O resultado final foi de 2-1,  mais falso do que Judas.

Mas a época acabaria com motivos para festejos. A conquista da Taça de Portugal frente ao já campeão Sporting, no Estádio Nacional.

Para lá chegar o FC Porto teve de eliminar o Ribeira Brava, da II Divisão B (0-4 em Ribeira Brava); o Braga (4-1, nas Antas); o Fafe, da II Divisão B (3-0, nas Antas) e o Rio Ave (3-0, nas Antas).

Na final, disputada em Lisboa, no mítico Estádio do Jamor, o FC Porto apresentou-se sem complexos e começou a vencer o jogo com golo de Jardel, logo aos 3 minutos. Perdeu bons ensejos de dilatar a vantagem antes do Sporting começar a equilibrar a partida. O empate surgiu  na sequência da marcação de um livre, em que o guardião portista Hilário não foi feliz e introduziu a bola na própria baliza, aos 56 minutos. Como o empate não se desfez após o prolongamento foi necessário jogar uma finalíssima.





















Na imagem, as equipas titulares perfiladas. Da esquerda para a direita (só do FC Porto): Chainho, Capucho, Drulovic, Esquerdinha, Jardel, Rubens Júnior, Paulinho Santos, Ricardo Silva, Hilário e Aloísio. Secretário estará encoberto pois também foi titular e não é visível nesta foto.

Quatro dias depois a finalíssima, no mesmo palco, foi marcada pelo regresso de Vítor Baía à equipa portista, depois de um prolongado afastamento por lesão.

O Sporting começou melhor, mas foi Sol de pouca dura. Os azuis e brancos sacudiram a pressão e partiram para uma exibição confiante com a articulação da equipa a funcionar como um harmónio. O domínio portista foi absoluto, a exibição subiu de nível ao ponto dos mais virtuosos futebolistas portistas ensaiarem jogadas do mais belo recorte técnico. Exibição de luxo colorida com dois golos, Clayton, aos 48 minutos e Deco aos 75 minutos.














































































(Clicar no quadro para ampliar)

Nos 56 jogos oficiais, relativos às 4 provas em que o FC Porto esteve envolvido, Fernando Santos utilizou 29 atletas, aqui referenciados por ordem decrescente dessa utilização: Drulovic (53 jogos), Capucho e Jardel (51), Aloísio e Jorge Costa (49), Chainho (47), Esquerdinha (44), Paulinho Santos e Secretário (42), Deco (38), Alessandro e Peixe (34), Domingos (33), Hilário (29), Clayton, Vítor Baía e Rubens Júnior (28), Rui Barros (16), Nélson e Romeu (13), Ricardo Silva (11), Argel (10), Fehér (9), Rodolfo (7), Folha e Ricardo Sousa (5), João Manuel Pinto (4), Duda (3) e Caju (2).

Fontes: Revista Dragões e Almanaque do FC Porto, de Rui Miguel Tovar

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