quinta-feira, 24 de outubro de 2013

EQUIPAS DO PASSADO - DÉCADA DE 90

ÉPOCA 1990/91

Após uma época de resultados desportivos favoráveis,  o pensamento principal para a época seguinte foi naturalmente preparar a caminhada para continuar a senda dos êxitos. As contratações de Kostadinov, Stephane Paille, Aloísio, Padrão e o regresso de Jorge Plácido, eram à partida o garante de que as saídas de alguns atletas (Demol e Rui Águas) estavam bem compensadas.















Na foto, da esquerda para a direita: Aloísio, Jorge Plácido, Padrão, Stephane Paille, Kostadinov, Chico Nelo, Fernando Couto, Morgado e Tavares.

Objectivos definidos, defender e renovar o título e lutar em todas as outras frentes pelo melhor desempenho possível, cientes da valia da equipa e de um plantel, considerado bom, forte e equilibrado.


















Da esquerda para a direita, em cima: Vlk, Jorge Silva, Baltazar, Kostadinov, Vítor Baía, Semedo, Jorge Couto, Padrão, Morgado e Aloísio; Ao meio: Diamantino (massagista), José Luís (enfermeiro), Stephane Paille, Geraldão, Hernâni Gonçalves (adjunto), Octávio (adjunto), Reinaldo Teles (director), Pinto da Costa (presidente), Artur Jorge (treinador), Murça (adjunto), Fernando Couto, Tavares, Paulo Pereira, Rodolfo Moura (massagista) e Dr. Domingos Gomes (médico); Em baixo: Ricardo (roupeiro), Agostinho (roupeiro), Kiki, Domingos, Madger, Abílio, André, Toni, Bandeirinha, João Pinto, Jaime Magalhães, Jorge Plácido, Chico Nelo e Fernando Brandão (roupeiro).

A época começou com a disputa da Supertaça Cândido de Oliveira, jogada em duas mãos, frente ao Estrela da Amadora.

Na primeira mão, na Amadora, o FC Porto foi surpreendido e acabou derrotado por 2-1, num jogo em que a figura principal foi Melo, o guardião do Estrela, que evitou, com um punhado de excelentes defesas, que os Dragões pudessem construir um resultado positivo. 

Na segunda mão, no estádio das Antas, tudo foi posto no seu devido lugar e a equipa portista não só venceu o encontro, por 3-0, como rubricou uma excelente exibição, conquistando o primeiro troféu da época.























Equipa titular do jogo da 2ª mão da Supertaça, nas Antas - da esquerda para a direita, em cima: Vítor Baía, Aloísio, Stephane Paille, Semedo, Branco e João Pinto; Em baixo: Geraldão, Kostadinov, Jaime Magalhães, André e Madjer.

No Campeonato Nacional, de novo com 38 jornadas, a nota dominante foi o braço de ferro com o Benfica, quase até ao fim. Foi à 34ª jornada que tudo se decidiu. O FC Porto recebia o Benfica nas Antas e só a vitória lhe garantia manter a esperança bem acesa na revalidação do título.

Num jogo arbitrado por Carlos Valente, as equipas encaixaram-se, numa toada cautelosa. Ao Benfica o empate servia. Cabia pois aos Dragões fazerem pela vida. Mas nos últimos dez minutos, uma cartada feliz do treinador Erickson deitou por terra todas as aspirações azuis e brancas. César Brito foi lançado no jogo aos 80 minutos, altura em que o FC Porto estava balanceado para o ataque, na tentativa de desfazer a igualdade, e em dois contra-ataques mortíferos fez dois golos (83' e 85'), desfazendo o sonho azul e branco.

Mas neste campeonato, recheado de situações grotescas, houve um que superou todos os outros. Domingos Paciência, o melhor goleador portista do Campeonato, arriscou-se a ser «Bota de Ouro» (galardão instituído pelo semanário France Football, para distinguir o melhor marcador europeu) sem ser «Bola de Prata» (troféu instituído pelo jornal A Bola, para distinguir o melhor marcador do campeonato português). Com efeito, segundo a classificação semanalmente atribuída por aquela publicação francesa, Domingos acabou o campeonato com 25 golos marcados, exactamente os mesmos de Rui Águas (por acaso havia pelo menos mais três jogadores europeu com mais golos marcados, senão...).

Só que, para o jornal A Bola, o golo que Domingos marcou, frente ao Beira-Mar (confirmado pelas imagens televisivas e pela atribuição pela RTP, à 36ª jornada - na altura Rui Águas comandava com 23 golos, contra os 21 do dianteiro portista), foi posteriormente atribuído pelo «pasquim» a Semedo! Aconteceu que na última jornada Domingos marcou 4 dos 5 golos com que o FC Porto goleou o Guimarães e Rui Águas só marcou mais dois, pelo que somaram no final 25 golos marcados, com vantagem do portista nos vários critérios de desempate. Mas para «A Bola», Domingos só marcou 24!

Para a história deste campeonato ficou o registo portista de 38 jogos, 31 vitórias, 5 empates, 2 derrotas, 77 golos marcados, 22 sofridos e 67 pontos, menos 2 que o Benfica.

Na Taça de Portugal, o FC Porto terminou a prova com a vitória no Jamor frente ao Beira-Mar, depois de uma campanha imaculada, onde cedeu apenas um empate, na Vila da Feira (1-1, após prolongamento), levando a decisão para o Estádio das Antas, onde acabaria por triunfar, por 2-0, carimbando a sua presença na final. Para trás tinham ficado Elvas, Vila Real, Famalicão e Benfica.

Na final, frente a um Beira-Mar muito personalizado e aguerrido, a equipa portista começou bem, fez um golo cedo (5'), por Domingos e patenteou grande superioridade durante os primeiros 25 minutos. Depois o Beira-Mar equilibrou as operações, fez o golo do empate, aproveitando uma falha defensiva e o FC Porto entrou numa fase de intranquilidade, que se estendeu um pouco pelo segundo tempo, ainda que com alguma superioridade portista algo inconsistente.

O jogo foi para prolongamento e aí o melhor FC Porto emergiu, dominando do princípio ao fim, valendo-lhe a marcação de dois golos (Kostadinov e Jaime Magalhães) e o triunfo final com a entrega da respectiva Taça.






















Equipa titula na final da Taça de Portugal, no estádio do Jamor - Da esquerda para a direita, em cima: Vítor Baía, Fernando Couto, Paulo Pereira, Vlk, Aloísio e João Pinto; em baixo: Semedo, André, Domingos, Jorge Couto e Jaime Magalhães.

Na Taça dos Campeões Europeus, o FC Porto começou por receber a modesta formação dos irlandeses do Portadown a quem infligiram uma goleada de 5-0, sentenciando desde logo o destino da eliminatória. Na Irlanda,  o desequilíbrio no resultado foi ainda mais devastador. Vitória portista por 1-8, com 4 golos do argelino Madjer.

O sorteio da 2ª eliminatória, colocou os romenos do Dínamo de Bucareste no caminho portista. Jogando a 1ª mão, fora de casa, Artur Jorge preferiu um jogo muito táctico, preservando a segurança defensiva, no sentido de cumprir o objectivo de não sofrer golos. Resultou em pleno já que o resultado final traduziu-se num empate a zero. 




























Equipa titular que se apresentou no estádio do Dínamo de Bucareste - da esquerda para a direita, em cima: Geraldão, Semedo, Jaime Magalhães, Fernando Couto, Aloísio e Vítor Baía; em baixo: Domingos, André, Kiki, Kostadinov e Paulo Pereira.

Na 2ª mão, nas Antas, em resultado de uma exibição memorável, talvez a melhor da época, com a equipa toda a render o máximo e com uma dupla atacante endiabrada (Domingos e Kostadinov), o FC Porto conseguiu uma goleada de 4-0, qualificando-se com todo o mérito para os quartos-de-final.

Jogos de dificuldade máxima, já que o sorteio não foi nada meigo. Bayern de Munique com a 1ª mão a ser jogada no Estádio Olímpico de Munique.  Ainda mal refeitos da final de Viena, os alemães encararam o jogo com toda a responsabilidade, imprimindo um futebol acutilante em toda a primeira parte que lhe permitiu um domínio intenso e avassalador para chegar ao golo, marcado aos 30 minutos. Nesse período o FC Porto passou um mau bocado. Viu-se e desejou-se para manter a diferença mínima no resultado. Os pupilos de Artur Jorge surgiram para o segundo tempo completamente transfigurados, mostrando muita personalidade. Se na primeira parte Vítor Baía tinha sido a figura mais em evidência, nesta segunda metade surgiram em todo o seu esplendor Domingos e Kostadinov, a dupla maravilha, que partiu a cabeça do meio campo e defesa alemãs e ainda construíu a jogada de antologia que culminou no golo de Domingos, a fazer o empate final.

Nas Antas porém, o sonho virou pesadelo. A equipa entrou confiante, dando mostras de querer ganhar o jogo, mas nem tudo correu bem. Falhou oportunidades claras para se adiantar no marcador e decidir a seu favor a eliminatória. Ora no futebol de alta competição e contra equipas de alto gabarito, a ineficácia paga-se caro. Foi o que aconteceu. Em dois momentos de inspiração, os alemães construíram o resultado que mais lhes convinha e seguiram em frente na prova rainha. No final do jogo, sobrou uma sensação de frustração, nas hostes portistas.








































(Clicar no quadro para ampliar)

Nos 53 jogos oficiais, divididos pela 4 provas em que o FC Porto participou, Artur Jorge utilizou 25 atletas, aqui referenciados por ordem decrescente da sua utilização: Vítor Baía (53 jogos), Aloísio (52), Semedo (48), André (45), Domingos e Jorge Couto (44), Kostadinov (43), João Pinto (41), Paulo Pereira (37), Fernando Couto (35), Jaime Magalhães (33), Geraldão (32), Kiki (29), Stephane Paille (27), Baltazar (23), Madjer, Klk e Abílio (13), Tavares, Bandeirinha e Branco (12), Morgado (8), Jorge Plácido (6), Bino e Padrão (1).

Fontes: Almanaque do FC Porto, de Rui Miguel Tovar e Revista Dragões

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