terça-feira, 20 de agosto de 2013

EQUIPAS DO PASSADO - DÉCADA DE 80

ÉPOCA DE 1980/81

Perdidos o tricampeonato e a Taça de Portugal, disputados até ao último minuto, a confusão instalou-se no seio do Clube.

Dr. Américo de Sá
O Presidente Américo de Sá, teve, segundo a opinião de Nuno Pinto da Costa e José Maria Pedroto, uma série de atitudes demonstrativas de falta de solidariedade na luta encetada pelos dois contra os interesses instalados e o tráfico de influências existentes na Federação Portuguesa de Futebol, que redundavam em critérios de protecção aos clubes de Lisboa que lhes permitiam, ano após ano, lutar pelos principais títulos nacionais.

Pinto da Costa e Pedroto faziam-no de peito aberto, com coragem, lucidez e sem papas na língua. O presidente Dr. Américo de Sá, na altura também deputado pelo CDS, na Assembleia da Republica, passava mais tempo em Lisboa que no Porto e sofria diariamente as pressões de outros deputados, para os desmobilizar dessa luta. Ora Américo de Sá, talvez mais interessado no seu futuro político, foi sensível a essas pressões e tentou mesmo suavizar os termos da mesma, abrindo dentro do clube uma fractura insolúvel que culminou, primeiro com o afastamento de Pinto da Costa da chefia do Departamento de Futebol e depois, na suspensão da equipa técnica, constituída por Pedroto, António Morais, Hernâni Gonçalves e João Mota, por terem contestado o afastamento do seu Chefe de Departamento.

Hermann Stessl
Américo de Sá contratou então o austríaco Hermann Stessl, para orientar a equipa, mas foi surpreendido por um grupo de jogadores, que solidários com a equipa técnica anterior se recusou a trabalhar com o novo treinador. Em vez de se apresentarem nas Antas, rumaram para Santa Cruz do Bispo, treinando-se em autogestão. O grupo era constituído por Teixeira, Oliveira, Lima Pereira, Frasco, Simões, Fernando Gomes, Freitas, Jaime, Quinito, Octávio, Romeu, Albertino, Costa, Sousa e Tibi. Era o chamado «Verão quente de 1980».

Depois de algumas diligências para demover os jogadores dissidentes, o dia 6 de Agosto ficou marcado como o fim da revolta. Os atletas reconsideraram e voltaram às Antas.

Mas houve quem não cedesse. António Oliveira manteve-se fiel às suas convicções e pediu a rescisão do seu contrato, passando a jogador-treinador do Penafiel, enquanto Octávio regressou a Setúbal. Já Fernando Gomes tinha sido negociado com o Gijon, de Espanha.

Foi pois na ressaca deste clima revolucionário que o FC Porto iniciou a temporada de 1980/81.

Na foto, da esquerda para a direita, em cima: Walsh, Lima Pereira, Simões, José Luís, Gabriel, Júlio, João Pinto, Sousa, Duda e massagista; Ao meio: Staff técnico (Hermann Stessl e dois adjuntos, Jaime Magalhães, Bandeirinha, Tibi, Fonseca, Teixeirinha, não identificado, Romeu, Dr. Domingos Gomes e Álvaro Braga Júnior; Em baixo: Massagista, Jaime Pacheco, Freitas, Niromar, Jacques, Albertino, Quinito, Coelho, Frasco, Costa e roupeiro.


O FC Porto entrou bem no campeonato, com uma vitória em Alvalade, por 1-2 e cedo se percebeu que seria uma luta a dois com o Benfica. A luta foi mesmo intensa e durou até à antepenúltima jornada, com o FC Porto a ceder um empate (0-0), justamente contra o Penafiel de Oliveira, que já havia empatado nas Antas (2-2), permitindo ao Benfica gerir um avanço de dois pontos até ao final da prova.

Nos 30 jogos, o FC Porto venceu 21, empatou 6 e perdeu 3, marcou 53 golos, sofreu 18 e arrecadou 48 pontos, quedando-se pela 2ª posição com menos 2 pontos que o Benfica.

Na Taça de Portugal logrou chegar à final, mais uma vez contra o Benfica. Antes porém eliminou sucessivamente, o Torres Novas, da III Divisão nacional, por 0-1, em Torres Novas; O Rio Ave, da II Divisão nacional, por 1-0, nas Antas; O Farense, da II Divisão nacional, por 0-2, em Faro; o Nacional da Madeira, da II Divisão nacional, por 0-3, no estádio dos Barreiros; o Famalicão, da II Divisão nacional, por 5-0, nas Antas; e o V. Setúbal, por 2-1, também nas Antas. A final foi jogada no Jamor contra o Benfica, debaixo de mais um ambiente escaldante, jogo que chegou mesmo a estar em dúvida, não fossem as garantias dadas pelo presidente da FPF, quanto à segurança.

A equipa formada por Tibi; Gabriel, Simões, Freitas e Lima Pereira (Romeu 79'); Rodolfo (cap), Jaime Pacheco e Teixeira (Sousa 65'); Jaime Magalhães, Walsh e Costa, perdeu a final por 3-1. 

A prestação portista na Taça Uefa foi muito modesta, ficando aquém das expectativas. Jogando frente a adversários acessíveis, não conseguiu ir além da 2º eliminatória. Na primeira eliminou o Dundalk, da Rep. da Irlanda com os parciais de 1-0, nas Antas, golo de Sousa e 0-0 em Dundalk. Seguiu-se depois o confronto com os suíços do Grasshopper, com vitória nas Antas, por 2-0, golos de Teixeira e Sousa e derrota em Zurique por 3-0, que ditou a eliminação da prova.

No conjunto das três provas, o FC Porto efectuou 41 jogos, utilizando 23 atletas aqui referenciados por ordem decrescente da sua utilização: Freitas, Gabriel e Sousa (41 jogos), Simões (37), Costa, Lima Pereira e Rodolfo (36), Frasco (27), Teixeira, Tibi e Walsh (25), Niromar (21), Romeu (20), Albertino e Jaime Pacheco (19), Fonseca e Jaime Magalhães (16), Duda (14), Fernando (7), Coelho (6), Quinito (4), José Luís (2) e Cabral (1).


UMA DAS EQUIPAS POSSÍVEIS DESSA ÉPOCA






















Na foto, da esquerda para a direita, em cima: Walsh, Gabriel, Simões, Freitas, Romeu e Tibi; Em baixo: Sousa, Albertino, Frasco, Teixeira e Lima Pereira

Fontes: Almanaque do FC Porto, de Rui Miguel Tovar e Fascículos do Jornal A bola

1 comentário:

  1. o jogador nao identificado numa das equipas de cima nao será o bóbó que jogou depois no boavista?

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