quarta-feira, 12 de junho de 2013

DRAGÃO CATEDRÁTICO - SABIA QUE...
















... a dicotomia Norte-Sul, com origens no centralismo político do regime totalitário de Salazar se propagou à Selecção nacional, ao ponto da equipa das quinas ter sido apelidada no Norte pela «Selecção de Lisboa»?


Agora que a Selecção nacional encerrou a época, com o jogo de anteontem, frente à Croácia, num particular disputado em Genebra, vem a propósito relembrar que, ao longo dos anos a mentalidade centralista esteve sempre presente em todos os sectores da vida nacional, inclusivamente no futebol.

A máxima de que Portugal era Lisboa e o resto paisagem, vai resistindo ainda nos dias de hoje, aqui ou acolá, à revolução de Abril, porque derrubar um regime político é bem mais fácil do que mudar determinadas mentalidades.

Isto para dizer que apesar de tudo, na Selecção nacional esse centralismo foi-se dissipando, ao sabor de conjecturas determinadas pela emigração dos melhores jogadores portugueses,    associadas às apostas feitas pelos principais clubes portugueses, que optaram por ter planteis maioritariamente formados por jogadores de outras nacionalidades, iludindo de algum modo esse tipo de mentalidade.

Antes porém, as coisas eram bem mais evidentes. Quando a equipa das quinas foi formada pela primeira vez, para defrontar a Espanha, em Dezembro de 1921, apenas um atleta não pertencia a equipas de Lisboa. Era o Artur Augusto, avançado do FC Porto.

Tal escolha levantou uma onda de revolta, no resto do país, com o estalar de campanhas de hostilização ao poder da capital, ao ponto de uma revista desportiva ter escrito que se tratava de «uma selecção que nada representa» ou «equipa formada por nomes escolhidos por simpatia».

















No dia seguinte ao jogo, os jornalistas portuenses noticiaram que a Espanha tinha vencido o «onze» de Lisboa por 3-1 e que jogara com Carlos Guimarães (CIF); António Pinho (Casa Pia) e Jorge Vieira (Sporting), João Francisco (Sporting), Vítor Gonçalves (Benfica) e Cândido Oliveira (Casa Pia), António Augusto Lopes (Casa Pia), José Maria Gralha (Casa Pia), Ribeiro dos Reis (Casa Pia), Artur Augusto (FC Porto) e Alberto Augusto (Benfica).

Fonte: Textos de António Simões, de o Jornal A Bola; FC Porto Fotobiografia, de Rui Guedes

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