quarta-feira, 5 de junho de 2013

DRAGÃO CATEDRÁTICO - SABIA QUE...
















...houve tempos em que os atletas só se vinculavam a um clube no momento da sua utilização?

EPISÓDIO CURIOSO

Aconteceu na temporada de 1913/14, um episódio curioso de exame ao sentimento.

A inscrição dos jogadores não obedecia a cuidados especiais. Mesmo antes dos encontros podiam os clubes indicar os seus atletas e só quando alinhassem se verificava o «vínculo».

Quando o FC Porto teve de ir disputar a Taça José Monteiro da Costa, a Coimbra, faltava-lhe um dos seus mais valorosos elementos, José de Magalhães Bastos, que por estar a frequentar na altura a Universidade de Coimbra, passava muito mais tempo nessa cidade do que no Porto.

De tal modo que a dúvida quanto ao emblema que o atleta iria escolher defender só se desfez em cima do início do jogo. Uns estavam convencidos que jogaria pela Académica, outros de que tal não aconteceria, pois receberam sempre do seu colega de lutas as maiores provas de consideração e amizade.

Naquele tempo, a entrada das equipas fazia-se de forma aleatória. Os jogadores iam entrando como lhes apetecia,  agora uns, outros depois, numa anarquia completa. Magalhães Bastos (ao centro na imagem) surgiu no terreno de jogo envolvido na sua capa negra de estudante, lançando a ideia de que iria jogar pela a Académica. Os próprios portistas tiveram esse receio...

Os jogadores de ambas as equipas alinharam no centro do terreno para cumprimentar a assistência, ao apito do árbitro, como era da praxe e todos os olhares se fixaram no grande defesa portuense, que logo após, muito calmo e sorridente se dirigiu para um dos lados do campo, tirou de cima do corpo a capa que o cobria e exibiu finalmente o equipamento com que iria jogar.

Foi um momento de extraordinária emoção! José Magalhães Bastos, de azul e branco vestido, foi tomar o seu lugar na defesa sagrada da sua bandeira, ficando para sempre vinculado ao seu clube, que serviu dedicadamente como jogador e dirigente.

Alguns colegas portistas não reprimiram as lágrimas, sensibilizados pela escolha, enquanto os simpáticos estudantes compreenderam a atitude reveladora do Homem que mais tarde haveria de ser distintíssimo Juiz.

Fontes: FC Porto - 100 anos de História, de Álvaro Magalhães e Manuel Dias; FC Porto - A História, os triunfos e as imagens de todos os tempos, do Diário de Notícias.

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